11 de maio de 2010

Dez anos do LoveBug, o vírus que balançou a internet

Publicado em 12/05/2010

Com 50 milhões de máquinas infectadas, ele foi o pioneiro de uma nova era de pragas virtuais, que usam truques sociais para se espalhar.

Há dez anos, no dia 4 de maio de 2000, uma equipe da MessageLabs, um provedor especializado na segurança de mensagens eletrônicas, descobriu que em algumas horas havia interceptado um número impressionante de vírus, algo que excedia qualquer estimativa inicial.
“Em poucas horas, a quantidade de computadores infectados era maior que a de um dia inteiro”, lembra Paul Fletcher, membro da equipe na época e, agora, arquiteto chefe do software de serviços de hospedagem da Symantec. “Foi o primeiro sinal de que algo estava acontecendo”.
O problema ganhou nome: LoveBug. Milhões de pessoas haviam recebido mensagens infectadas de usuários de sua própria lista de contatos com o insinuante assunto: “ILoveYou”. Bastava abrir o anexo, "LOVE-LETTER-FOR-YOU.TXT.vbs", para que o computador tivesse seus arquivos apagados ou substituídos.
Além disso, o vírus forçava o sistema a enviar o mesmo e-mail para toda a lista de endereços do novo infectado, espalhando-se por pouco menos de 45 milhões de contas em alguns dias.
“Jamais havíamos visto algo assim”, confidenciou Fletcher. “Não sabíamos que iríamos deter esse vírus aquele dia; ninguém sabia nem que ele existia”.
Nova Era
O LoveBug era um vírus como os das antigas, chamava muita atenção, mas não tencionava ganho financeiro. “Era mais um vândalo que um criminoso perigoso”.
No entanto, o worm foi o pioneiro de uma nova era, explica o especialista. Hoje em dia, os ataques comumente instalam um malware que se esconde no sistema para obter informações confidenciais. Para seduzir a vítima a clicar no arquivo infectado, os hackers se utilizam de sofisticados embustes sociais, algo que o LoveBug fez no longínquo ano 2000, quando o e-mail ainda estava se tornando uma importante ferramenta para os negócios.
“Foi aí que os criminosos começaram a enxergar a internet como um espaço eficaz para atividades ilegais. O malware se tornou um meio para um fim ainda maior, como a distribuição de outras pragas como trojans e spywares”.
Atualmente, os ataques estão ainda mais complexos. “Deve-se ter muito cuidado não só com o e-mail, mas com o tráfego da internet também. Você pode receber uma mensagem que não tem nada dentro, mas há um link que te direciona para um site onde um malware será instalado. O objetivo final é o ganho financeiro”, conclui Fletcher.